domingo, 28 de outubro de 2012

Porque é que o exercício físico ajuda a tratar a depressão?

A resposta é de Paula Canas, Investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular, Universidade de Coimbra
 

O exercício físico leva a um aumento dos níveis de energia, ajuda a ter uma boa noite de sono, e a um aumento da auto-estima, o que contraria o estado negativo que é descrito numa depressão Imagem: AFP/CHARLY TRIBALLEAU
A depressão pode ser caracterizada por perda de prazer nas atividades diárias, desinteresse, baixa auto-estima, sentimentos de culpa, apatia, dificuldade em se concentrar, fadiga, letargia, alterações do sono, do apetite e pensamentos recorrentes acerca de morte e suicídio.
É normal ter sentimentos negativos, no entanto se estes sintomas perdurarem por um longo período é considerado uma doença mental e deverá procurar ajuda médica.
Em termos científicos, a depressão está associada a um desequilíbrio químico de substâncias tais como a serotonina. A serotonina é um neurotransmissor que influencia o humor, o sono, a libido e o apetite. Na literatura existem vários estudos a demonstrar que pessoas que praticam exercício regularmente experienciam menos sintomas de depressão e de ansiedade do que pessoas que são sedentárias.

Outros estudos relacionam a prática de exercício físico com um tratamento efetivo da depressão, quando os pacientes depressivos estão recetivos e querem ter um papel ativo na sua recuperação. Estes efeitos benéficos podem ser explicados porque o exercício físico, ao nível químico, leva ao aumento dos níveis de serotonina e endorfinas.
No geral, o exercício físico leva a um aumento dos níveis de energia, ajuda a ter uma boa noite de sono, e a um aumento da auto-estima, o que contraria o estado negativo que é descrito numa depressão. Ao contrário das várias terapias antidepressivas, os efeitos secundários da prática de exercício físico são quase inexistentes e, para além disso, os pacientes irão beneficiar de uma melhoria cardiovascular e de uma diminuição do risco de aparecimento de outras doenças tais como: diabetes tipo 2, osteoporose, acidente vascular cerebral e certos tipos de cancro.

Em conclusão, o exercício físico pode ser considerado uma possível alternativa ou terapia complementar aos antidepressivos. Terá que se ter em conta se a nível físico não existem contra-indicações para a prática de exercício, e o grau de severidade da doença, que deverão ser avaliados e acompanhados por um médico.
 

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