sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Gilda Correia vai receber Prémio Carreira

Nascida em 1980, principiou a carreira aos 12 anos no Esgueira, tendo representado o Illiabum, Anadia, Olivais, PT Coimbra e CAB Madeira, onde esteve durante 7 épocas (até 2009/10), altura em que colocou um ponto final num percurso de 18 anos como praticante. Pelas madeirenses conquistou dois Campeonatos Nacionais (2004/05 e 2005/06), duas Taças de Portugal (2005/06 e 2006/07), duas Supertaças (2006/07 e 2007/08) e duas Taças Vítor Hugo (2007/08 e 2008/09). Uma lesão complicada a nível do tendão de Aquiles (3 cirurgias) obrigaram-na a abandonar, aos 29 anos. Foi internacional 47 vezes. É professora de Educação Física e atualmente é treinadora adjunta da equipa sénior do CRCQ Lombos, sendo também a treinadora principal das Sub-19 do emblema dos Lombos.

Que balanço faz da sua carreira como atleta?

Balanço muito positivo. Fui campeã nacional, fui internacional e conquistei vários outros títulos mas a carreira desportiva de qualquer atleta não é apenas retrato dos seus sucessos desportivos, existe toda uma envolvência social que nos vai moldando. Tive a felicidade de encontrar nesse caminho, pessoas fantásticas, que me ensinaram, que se tornaram amigas e que me serviram de referência. Neste aspeto ganhei substancialmente mais vezes do que jogos ou campeonatos.

O que a fez iniciar a prática do basquetebol?

Muito provavelmente por influência do meu pai. Ele tinha sido jogador e pendurou lá em casa uma tabela na esperança de alguém se interessar por aquilo. Passou a ser um dos meus entretenimentos favoritos e motivo de desespero para as plantas da minha mãe. Depois de me passar a febre da natação e de uma tentativa falhada de iniciar o ténis, o meu pai lá me convenceu a ir experimentar o basquetebol.

Ao longo da sua carreira, destacaria algum clube, treinador, equipa ou companheira?

É difícil destacar individualidades, de uma forma ou de outra, todos aqueles com quem trabalhas, contribuem para o teu crescimento como atleta e pessoa mas, sem esquecer os restantes, posso destacar dois clubes com os quais sou mais identificada, o Anadia FC e o CAB Madeira. Foram os clubes onde mais anos estive e onde conquistei títulos.

Ainda se recorda da sua primeira chamada à Seleção Nacional?

Recordo mas já foi há muito tempo... Como é costumeiro, fui convocada para um estágio de observação, juntamente com mais 20 ou 30 jogadoras. Na altura não lhe dei muita importância, acho que não percebi bem a dimensão que isso teve futuramente na minha vida.

Consegue eleger um momento mais marcante durante o período em que competiu?

Naturalmente houve alguns mais significativos que outros, todo o atleta tem sempre uma história para contar que aconteceu neste ou naquele jogo. Para mim, talvez tenha sido mais marcante a decisão de deixar de jogar que qualquer outro.

Ficou por atingir algum objetivo como atleta?

Ganhei, pelo menos um, de todos os títulos possíveis de conquistar em competições nacionais, fui internacional em vários escalões, conheci lugares e pessoas interessantes, fiz amigos e fui feliz. Acho que não ficou nada por atingir.

O final da sua carreira certamente não foi como mais desejaria. Gostaria de ter jogado mais tempo? E se foi fácil de ultrapassar o vazio que ficou por deixar de jogar basket?

Claro que gostaria de ter jogado mais tempo, colocar um ponto final na vida de atleta não foi decisão fácil e mais difícil de aceitar foram os motivos que me obrigaram a faze-lo. O vazio cada um ultrapassa à sua maneira, eu passei um ano sem ver, ler ou ouvir falar de basket, precisei de encerrar um capítulo para depois iniciar, tranquilamente, um novo como treinadora.

Não se desligou da modalidade já que agora é treinadora de uma equipa jovem (sub 19 feminina). Uma tarefa em que tenta passar a sua experiência de atleta?

Também, gostava de ver as minhas atletas a jogar em equipas seniores e a representarem a seleção. Mas quem é treinador não forma só atletas e tem a responsabilidade de incutir determinados valores, como a perseverança, determinação ou humildade, necessárias a qualquer um que queira vencer, quer seja um campeonato ou noutra área da vida.