quarta-feira, 2 de abril de 2008

Crosse cada vez mais africanizado


O Campeonato do Mundo de Corta-Mato é dominado pelos atletas africanos de forma cada vez mais nítida e o número de selecções presentes tem vindo a cair assustadoramente. A competição, que sucedeu em 1973 ao “velho” Crosse das Nações, iniciado em 1903, teve como primeiros vencedores masculinos a Inglaterra (3 títulos), Bélgica (outros 3), Nova Zelândia e França. Países africanos presentes nos primeiros anos foram apenas a Argélia e Marrocos, a meio da tabela. Até que, em Madrid’1981, surgiram os etíopes a dominar por completo, só não ocupando todos os primeiros lugares porque, por engano, sprintaram para a meta a uma volta do fim. O Quénia foi terceiro nesse ano. De então para cá, os dois países não mais deixaram de ganhar e, de uma forma geral, apenas deixavam um lugar vago no pódio. Até que Marrocos, nos anos noventa, apareceu como terceira potência, tornando ainda mais difícil o acesso. Desde 1996, Portugal, terceiro em 1999 e 2000, e a França (2.ª) e Estados Unidos (3.ª), em 2001, foram as excepções.

Até que, em 2004, surgiram a discutir os lugares no pódio países como a Eritreia (3.ª em 2004, 2.ª em 2006), o Qatar, com atletas naturalizados, ex-quenianos (3.ª em 2005 e 2008), e o Uganda (3.º em 2007). Este ano, em Edimburgo, estes três países juntaram-se aos tradicionais (Quénia, Etiópia e Marrocos) e ocuparam os seis primeiros lugares colectivos, deixando bem longe EUA,7.º com 301 pontos (mais 90 que o Uganda, 6.º) e Espanha (8.º). Individualmente, nos 45 primeiros, aparecem apenas dois atletas não-africanos de origem: o americano Jorge Torres (19.º) e o espanhol Juan Carlos de la Ossa (24.º). Outro espanhol, Ayad Lamdassen (37.º), era marroquino ainda há seis meses...

Com tudo isto, o número de países com equipa (mínimo de seis atletas), que chegou a ser de 40 em 1986, baixou para 13 em 2007 e 15 em 2008, dos quais apenas três europeus. O Campeonato do Mundo está a tornar-se quase um Campeonato... de África!


Fonte:Atletas.Net

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